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Superação: Fiz as pazes com a bicicleta

Atualizado: 1 de mar. de 2021

Fiz as pazes com a bicicleta



Parece que todas as crianças gostam de bicicletas. Parece até um rito de passagem, quando são retiradas as rodinhas de apoio e os pais encorajam os pequenos a andaram como “gente grande”.

Óbvio, para quem pode ter bicicleta desde a infância. Não foi o meu caso, e não é a realidade para a grande maioria das crianças. Mas falemos das bikes e suas superações.

Era eu pré-adolescente e alguém me emprestou uma bicicleta, para dar uma volta. Não querendo fazer feio (típico da idade), montei no “veículo” e, simplesmente, saí em disparada. O tombo foi, além de inevitável, traumático e dolorido.

Registrei esta dor na memória e o desejo de andar de bicicleta deve ter sido guardado na quinta gaveta do enésimo armário, fechado a ferrolhos no meu inconsciente.

Toquei a vida com uma característica “baby boomer” (mais trabalho do que qualquer outra coisa) e quando chego nos cinquenta e poucos eis que quebram-se todos os ferrolhos e os armários parecem ter se desintegrado. A memória e o desejo de andar de bicicleta vieram à tona com muita raiva. Sim, tipo: aprendi um monte de coisa e não sei me equilibrar neste negócio, como se essa habilidade dependesse apenas da cognição.

Comecei a invejar todos os usuários de bikes do mundo. Principalmente aqueles que passeavam na orla da cidade praiana em que morava. Inveja mesmo. Mas quando eu pensava, hoje me encorajo, lá vinha a minha insegurança e balançava em cima da bike, caia, não equilibrava e voltava correndo para casa, empurrando a bicicleta.

Ah, antes que termine a crônica, vou confessar outra coisa: tenho uma inveja danada dos casais que viajam de motocicleta. Nunca andei numa moto, nem sequer de carona, mas isso é para outro dia.

Voltemos à bike; Eu já com sessenta e um tantinho. Chega a pandemia. Trancafiada em casa.

Algum exercício tinha que fazer. Acreditem ou não, a garagem do prédio estava vazia. E eu invisível a qualquer julgamento e a qualquer perigo de obstáculo, pego a bike disponível e começo a praticar dentro da tal garagem.

Sucesso total. Sozinha, desenhava caminhos e muita voltas na garagem. Viva!

Mudo de cidade, compro uma bike novinha, e eis que começo a passear pelo bairro. Agora de máscara e capacete. Meio atrapalhada ainda, mas bem mais confiante.

E a menina que nunca pôde ter uma bicicleta anda de mãos dadas comigo e sorri para a mulher que hoje, depois dos sessenta, supera o trauma do tombo e , enfim, pode comprar sua bicicleta.

Vento no rosto. Riso feliz.

By MLK

Janeiro 2021

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